24 de set. de 2010

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Certa vez, voltando de uma reunião na editora, se viu rachando um táxi com um escritor de renome.
Achou divertida a situação constrangedora de estar presa num engarrafamento com alguém com quem ela não tinha a mais remota intimidade e que, além de tudo, ela muito admirava.
Fez esforço pra vencer os silêncios e viu que ele fazia o mesmo. Descobriu que ele leva os filhos em shows de rock, que o bolo de cenoura do café numa ruazinha ali perto é a sétima maravilha do mundo e que apesar do trânsito, ele não deixava seu bairro por nada.
Ela por sua vez, falou pouco. Deu mais corda pra ele, não gostava muito de social e teria ficado calada se ele não fosse quem fosse.

Por um instante pensou em falar: "Não é estranho a gente aqui tentando tornar esse momento menos constrangedor? Fingindo que tem intimidade? Se quiser, não precisa falar nada não, vamos ouvir o rádio."

Mas deixou pra lá e falou como o tempo estava doido naqueles dias.


* Baseado em fatos irreais
** To be continued

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