20 de mai. de 2010

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Passava dias em casa, trancada, trabalhando, vendo o sol pelas brechinhas da persiana do quarto. Não sabia se chovia ou se fazia sol. Se espantava, às vezes, quando de relance notava a noite com lua e tudo no céu.
Só levantava pra preparar alguma coisa sem graça na cozinha e pra ir ao banheiro quando já não agüentava mais. Sua higiene pessoal se limitava a escovar os dentes ao acordar e ao deitar. Entre uma tarefa e outra, fazia seu tour por seus sites pessoais, respondia e-mails e afins.
Mas aí, depois de uns dias nessa rotina, ela acordava cedo, tomava um banho demorado, colocava uma roupinha leve e ia dar uma volta pelo quarteirão. Chegava até a fechar os olhos em direção ao sol. Chegava até mesmo a abrir os braços. Não tinha rumo certo. Seguia. Sorria para estranhos, sentia o cheiro de mato escondido no meio da confusão olfativa da poluição... Tomava um sorvete ou comia um doce na padaria da esquina e se lembrava de como era bom estar viva.

* Baseado em fatos irreais
** To be continued

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