6 de nov. de 2010

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Durante a vida de casada, a sua cama era o objeto mais indicativo da relação. Não pelos motivos óbvios, mas porque tinha vida própria.
Às vezes, ficava tão grande que o espaço entre nossa heroína e o ser amado parecia infinito. Deitada numa ponta, mirava-o lá do outro lado com as costas nuas e o sono pesado.
Em outras ocasiões era pequena demais, incômoda, sufocante. Pra onde quer que virasse esbarrava nele. Os abraços embolados, as posições que deixam os membros adormecidos, a respiração pesada na nuca. E ela sentia falta de ar. Como podia dormir num espaço tão apertado?
Pensava em comprar uma cama maior, depois achava que a cama era grande demais.
Mas sempre faziam as pazes quando chegava cansada, de algum evento da editora, pés inchados. A cama era um bálsamo. Abençoada caminha. Aconchegante e materna.

* Baseado em fatos irreais
** To be continued

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